sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O Sabor da Vingança.

Desde o início da semana eu tenho passado por várias bancas de revistas e visto que a última ÉPOCA trás como matéria principal o novo filme estrelado por Brad Pitt, Bastardos Inglórios. Como sou fascinada por cinema, resolvi comprar a revista e ver o que tanto esse filme tem para chamar a atenção de uma das revistas semanais mais populares do país.
Assim que cheguei à página 94, onde a matéria se inicia, dei de cara com um Brad Pitt de facão na mão, cara de mau, acompanhado de um Eli Roth com uma arma na mão e os olhos faiscantes de ódio. Daí, passei a ler a matéria propriamente dita. Ela começava assim:

“O grupo de nove soldados está em volta de um sargento nazista, ajoelhado e algemado. ‘Acho que você sabe quem somos, não?’, diz Brad Pitt. ‘Aldo, o apache’, responde o prisioneiro. O grupo ri. ‘Bem, se você já ouviu falar de nós, sabe que não estamos no negócio de fazer prisioneiros. Estamos no negócio de matar nazistas’, retruca Pitt (ou Aldo Raine, um de seus papeis mais agressivos e menos sensuais). Aldo exige que o sargento aponte num mapa onde estão os demais soldados nazistas. O sargento se recusa. Aldo chama o Urso Judeu, cuja especialidade é arrebentar o crânio dos inimigos com um taco de beisebol. Em seguida, a câmera mostra o sorriso sádico do Urso e uma sequência de golpes de bastão. Essa é a essência do filme Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino, que estreia nesta semana no Brasil. Trata-se de um exercício explícito, minucioso, persistente, de um dos sentimentos mais primitivos da humanidade: a vingança”.
Por esse início já dá para se ter uma ideia geral do que foi feito por Tarantino neste seu último longa. Lendo o resto da matéria, é possível entender quais os motivos que levaram aquele grupo de nove soldados a perseguir os nazistas. Nas próprias palavras de Aldo Raine: “Os membros do Partido Nacional Socialista tomaram a Europa com assassinatos, tortura, intimidação e terror. É exatamente o que vamos fazer com eles”.
Ou seja, pura vingança.
Quanto mais eu lia a matéria, mais eu encontrava motivos para escrever no blog. A questão da vingança tem tudo a ver com o nosso propósito aqui. Sabemos que apenas o Estado possui o poder exclusivo de aplicação de sanções, que não podemos sair por aí aplicando castigos a quem nos prejudicou de alguma forma, assim, a torto e a direito. Contudo, o sentimento de vingança está presente dentro de nós como os demais sentimentos que tanto consideramos “legítimos”. Quem nunca pensou em se vingar de alguém pelo menos uma única vez na vida?? Todos nós já passamos por alguma situação assim.
Uma das coisas que mais me chamou a atenção nesta matéria da ÉPOCA foi o fato de que lá fala que, na Grécia clássica, justiça e vingança tinham o mesmo significado, sendo ambas expressas pela palavra dikaiosunê, ou seja, “um negócio em que as duas partes recebem o mesmo quinhão”. Além disso, também há a menção da Lei de Talião do Velho Testamento, lei esta muito conhecida por nós, não é? A famosa “Olho por olho, dente por dente”, que apesar de por nós ser entendida muitas vezes como vingativa, era na época encarada como ato de justiça.
Dessa forma, é bem interessante pensarmos na relação entre a vingança e a justiça. Até que ponto há separação delas, ou, até que ponto ambas são o mesmo?
Bastardos Inglórios retrata uma perseguição aos nazistas, mas será que pagar na mesma moeda é realmente a solução necessária, mesmo para criaturas que cometeram atos de tamanha crueldade? Há quem tenha se arrependido pelo resto da vida por não ter agido de acordo com seus instintos e, ao contrário, ter deixado que a Justiça (aqui entendida como o Direito) resolvesse o caso.
Está aí uma boa discussão.
Enquanto, porém, não se chega a uma conclusão, minha dica é: tirar alguns minutinhos para ler a matéria completa da ÉPOCA e, melhor ainda, utilizar o nosso tempo de forma culturalmente eficaz e assistir ao filme no cinema.

3 comentários:

  1. Bia; eu assim como você sou louco por cinema. Já estava morrendo de vontade de ver esse filme. Agora com seu post então! Não vou perder. Vou assistir nesse feriadão. Considero um enorme erro confundir justiça com vingança embora muitos ainda imaginam dessa forma. Sem querer ser moralista mas não se corrige erros com outros erros.

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  2. Bi, adorei este seu artigo!!! É bom que você tenha nos lembrado que confundimos muito viagança com justiça. São termos que na sociedade atual tem definições completamente diferentes.

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  3. AnaaaaH,
    Obrigada por comentar, amiga!

    Realmente ainda há essa mistura hoje em dia, e isso gera uma série de problemas beeem sérios!

    bju

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