terça-feira, 3 de novembro de 2009

A distância entre a opinião da TV e a sua opinião

Este é o meu segundo post no Validade e Justiça e já vou reincidir no assunto, mas creio que de forma positiva. Descrevendo o texto que se segue de uma forma pessoal, há poucos dias tivemos em sala uma discussão sobre a utilidade e os efeitos do projeto que lançamos com esse site, não só sobre o meio acadêmico mas também sobre a nossa turma, que é composta por jovens, de maneira geral. Essa discussão toda me fez pensar: por quê a situação do jovem frente à sociedade hoje em dia é diferente e mais preocupante do que antes? Não só o jovem vive uma situação delicada, mas a sociedade brasileira como um todo está alienada do Direito, da cultura, da política e de vários outros pilares de um país.

O ponto-chave a ser considerado: as pessoas perderam a capacidade de criar opiniões próprias. A opinião pública se confunde com a opinião da mídia, e é aí que entro com a reincidência. A mídia hoje em dia é uma grande formadora de opiniões nos dando tudo "selecionado, mastigado e digerido". A nossa interpretação indiferente e automática de tudo que chega aos nossos ouvidos tem gerado um grande prejuízo para nós. Parece não haver mais uma preocupação em manter a imparcialidade dos meios de comunicação, principalmente da televisão. As pessoas estão cada vez menos interessadas em assuntos realmente importantes e mais preocupadas com entretenimento. O desinteresse é usado contra a própria população. Poucas pessoas buscam a fundo o que está sendo apresentado. Um exemplo: poucas pessoas procuram na TV Senado a sessão da qual os jornais tiraram certa citação que causou polêmica para averiguarem qual foi o contexto da citação, o que estava ocorrendo.

O que se tem hoje é, além de tudo, entretenimento. Vejamos, um dos grandes exemplos dos últimos meses foi a gripe suína. O alarde causado pela Nova Gripe provocou mudanças em hábitos, disposição de espaço, atenção com a saúde. É claro que o surto é preocupante, mas a matéria virou a verdadeira "novela das oito" da televisão, já que esta sim, passava as oito. Porém, o assunto que deveria gerar precaução causou pânico e até preconceito. Qualquer sinal de gripe era motivo para que as pessoas se afastassem do "suspeito". A maneira como as estatísticas e mesmo as entrevistas são apresentadas têm grande incidência sobre a opinião que o telespectador ou o leitor terá sobre o que está sendo divulgado. Não estou me referindo à veracidade de nenhum desses dados, mas sim à exploração que vem sendo feita em cima disso.

Essa alienação toda deriva, como já foi dito, de um afastamento da cultura e do direito, entre outros fatores. Pouco sabemos sobre a licitude do que está sendo apresentado, sobre as leis que tratam daquilo. Tanto por parte de quem está argumentando ou apresentado algo quanto pelo lado de quem está sendo exposto em alguma notícia ou mesmo um fato apresentado em um discurso político. E nós perdemos a vontade de expor nossas opiniões, e também de ouvir as opiniões dos outros. Isso é vantajoso para alguém? Sim. É vantajoso aos que não querem mudanças. É muito mais fácil esconder algo de um povo que não tem acesso a educação e à cultura mesmo quando tem a oportunidade de acessá-los, o que ocorre muitas vezes nas classes mais altas. Há inúmeras mudanças, inclusive referentes à legislação, que devem ser feitas e que são esquecidas porque não têm espaço na mídia. A opinião pública não se confunde com a opinião da imprensa por acaso. É reflexo do que decidimos seguir.

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